A saída de casa



Quem nunca desejou ter um cantinho só pra si, para deixar (des)arrumado da forma que quisesse e fizesse ali somente o que bem entendesse? Acredito que quase todo mundo. Assim como também acredito que sair de casa é uma ideia latente na cabeça de várias pessoas, principalmente quando se chega ao fim da adolescência.

Mas a saída de casa vai muito além do que simplesmente deixar um ambiente da forma que você quer. Sair de casa é uma etapa da vida presente em quase todas as culturas atrás da História. Mitos como Adão e Eva e a saída do paraíso, a saída de Buda da casa dos seus pais para encontrar seu caminho espiritual, entre outros, narram essa busca pela autonomia.

Sair de casa é um rito de passagem inevitável da vida de qualquer pessoa. Esse rito não precisar ser necessariamente físico, não significa necessariamente que você vai ter que sair da casa dos pais pra morar na sua própria casa, apartamento, quitinete, puxadinho, barraca ou caixa de papelão. Claro que você pode adotar qualquer uma dessas opções caso a necessidade exija. Mas a verdade é que a saída de casa é algo muito mais psicológico do que físico.
O que quero dizer é que, nesse caso, sair de casa toma a conotação de buscar seus próprios princípios e valores, descobrir nossas próprias idéias, crenças, sentimentos, talentos e necessidades. Deixando de ser um subproduto do ideal dos pais e tornando-se, de fato, individuo pensante e ativo.
Mais cedo ou mais tarde vai chegar o momento em que essa separação será inevitável e tentar negá-la causará mais problemas entre os familiares que aceitá-la. Como disse, essa separação não precisa ser física (aqui em casa, por exemplo, moram 4 gerações) ela só deve fazer que a pessoa tenha consciência de si própria. Mesmo que se continue dividindo a casa com os pais e irmão e deixando nosso “jeitinho” de arrumar as coisas só lá pelo nosso quarto mesmo.

9 comentários:

  1. Fazia tempo que tinha vindo por aqui...
    os textos continuam muito inspirados.
    Só queria dizer uma coisinha: a saída de casa realmente é muito polêmica... eu mesmo morreria se chegasse em casa e não tivesse ninguém para conversar e nessa questão que você levantou essa saída psicológica é muito mais complicada... eu sei bem, mas é normal... se feita com responsabilidade...

    até mais.

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  2. Gil, como diria uma antiga professora de português, você foi muito feliz no seu texto.

    De fato, a saída de casa acontece muito mais no plano psicológico que físico, afinal, pouco adiantaria morar só e continuar dependente; entretanto, discordo quando diz que as pessoas podem 'morar sozinhas' mesmo na casa dos pais.

    Creio que é um pouco de comodismo, pois qualquer pai gostaria ver os filhos ultrapassando seus próprios limites, sem falar que a nossa sociedade está evoluindo para uma independência pessoal cada vez maior, o que eu, particularmente, acho incrível. (por mais que pareça carinhoso, um filho que fica na casa dos pais mesmo depois dos 25-30, é encarado como um adulto frustrado.)

    Portanto, o que acontece é um choque de necessidade com comodismo. Sair da casa dos pais é, para a grande maioria, necessário, mas outros ainda não conseguiram tal pensamento e preferem estar bem aconchegados onde é fácil encontrar comida e cama cheirosa todos os dias.


    Beijão, até =**

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  3. Muito bom, simples, direto e claro!

    Parabéns!

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  4. É, mas no caso de Adão e Eva, eles não saíram de casa para ganhar autonomia ou encontrar seu caminho... Eles foram expulsos de casa!
    O melhor, para eles e para todos nós, era que eles continuassem no Paraíso de Deus.
    Isso se eles existissem (Adão, Eva, Paraíso, Deus, essas coisas...)

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  5. Esse post tá com a cara da Mary.

    automomia e liberdade.
    palavras q enchem os olhos.
    adorei o post!

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  6. Taí, Jéssica falou tudo!
    Cara, agora tu e mary tão escrevendo identicamente, kkkk.

    Então já saí de casa faz tempo .-.

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  7. Olá,
    Nossa, tu sumiu! Ou fui eu? rsrs
    Bem, agora parei para visitar antigos Blogs queridos e não podia deixar de passar por aqui.
    Cara, eu adorei a época que saí de casa.
    Curtia cada momento de silêncio (sempre vivi com pais e mais três irmãos) a sensação de colocar um iogurte na geladeira e no dia seguinte a alegria de encontrá-lo intacto não tem preço. hahaha
    Mas com o tempo a saudade bate e não há mais volta, nem sei se seria a solução.
    É como você disse, uma etapa inevitável.
    Adorei o texto.
    Bjs
    Nanda

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  8. Pensando dessa maneira acho que já 'saí de casa' há muito tempo e larguei meu corpo agonizando por aqui...
    Primeira vez que visito o blog e gostei.
    Visite-me, abraços.

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