Utopias

Cada povo de um país tem sua fama perante o resto do mundo. Os italianos são esquentados e devoradores de massas; os ingleses, pontuais e elegantes; os alemães, malucos por cerveja; os norte-americanos, metidos a donos do mundo; e por aí vai. Tais características podem ou não ser boas, mas querendo ou não elas sintetizam questões culturais de determinada população e as atitudes da maioria. E não é com alegria que lembro que pelo globo afora somos considerados festeiros, boleiros e sobretudo donos de uma aptidão especial pela inércia frente à política.

Digo isso porque hoje, em dia de eleições, estamos vendo mais uma vez o filminho repetido do ciclo propaganda > barulho no ouvido do eleitor > promessas > debates > eleições > corrupção > mudança zero > fim de mandato > propaganda > ... Não é de indignar?

E nós, maranhenses, temos um motivo a mais pra nos sentirmos indignados. E, diga-se de passagem, um motivo persistente, de longa data, cínico e bigodudo. Triste ver que, apesar de certas mudanças de mentalidade - que até provocaram a eleição de outro candidato -, ainda existe uma venda preta tapando os olhos do Maranhão. São como tentáculos de um polvo gigante tapando a boca e prendendo as mãos de quem tenta se safar do vírus que apodrece a política do estado.

E, creio eu, que isto não ocorre somente aqui. No Brasil inteiro, milhares de cegos políticos trocam votos por bobagens, não levam à sério uma das nossas únicas chances de tentar melhorar o país. E, caso ocorra algo que nos desagrade, continuamos quietos, parados, assistindo nossa tv na sala no final da tarde. Acho que já falei por aqui no Badu sobre a ausência do nosso "espírito rebelde". Não duvido que existam, ainda, pessoas que queiram revolucionar, que queiram verdadeiramente a melhora da nação. Mas ninguém é capaz de carregar multidões nas costas. Uma única cabeça inquieta no meio de milhares é como o zumbido do mosquito na hora do descanso. E o que fazemos com os mosquitos incômodos?

Em suma, o que tenho a dizer aqui é mais um eco do que as propagandas do governo incessantemente nos lembram. Votem com consciência, pois o Brasil precisa.