Guia de sobrevivência

E após algumas semanas de sumiço, eis que surgiu uma vontade de falar de livros. Não quaisquer livros, mas sim os específicos de um escritor meio louco, muito gênio, sucinto, complicado e talentoso. Sedas rasgadas à parte, falo de Franz Kafka, cuja literatura admito conhecer pouco, mas que desde já despertou em mim certas impressões em relação aos seus escritos.

Sei que não estou apta a fazer um "Dossiê Kafka", mas na condição de leitora maravilhada, posso sim emitir minha opinião sobre o que pensei dos livros, não é? Pois bem. Pra quem leu A Metamorfose (1912), O Veredicto (1912) e O Processo (1914), além de muitas outras obras do autor, deve ter percebido algumas coisas em comum. Situações inusitadas, atitudes e palavras carregadas de sentidos implícitos e símbolos espalhados pelas cenas construídas pelo escritor no decorrer das narrativas. Agoniante se imaginar em uma ocasião como as relatadas no livro, fala a verdade. Acordar e de repente ser outro, ou ter os dias como uma tortura crescente. Quem ia querer passar por isso? Ninguém. Pensando nisso, nada melhor do que algumas dicas de sobrevivência no ambiente kafkaniano. Preparados?

Fonte: wiseacre

- Cuidado com o ato de acordar.

Desatento e despreparado, você abre os olhos e pensa encontrar na janela um lindo dia de sol, mas não; pelo contrário, o que você vê é sua vida virada do avesso.

O que fazer? Ao acordar, esteja sempre preparado pra tudo!

- Situações inusitadas acontecerão, pode esperar.

Hoje você é uma pessoa jovem e saudável, porém o dia de manhã não está predefinido, aprenda. Nunca se sabe se depois da meia-noite você terá visitas indesejáveis na sua casa, se o seu quarto virará uma toca ou se um súbito desejo de se atirar da ponte lhe tomará a mente.

O que fazer? Basta saber lidar com os imprevistos.

- Haverá sempre um pai carrasco.

Exatamente. Se não um pai, algum parente próximo, que figurará o antagonista da situação.

O que fazer? Contorne o falatório e tente não enlouquecer.

- Tente mudar o final, a todo custo.

Nada conspira a seu favor: o começo é inexplicável e o final fecha com chave de ouro a maré de azar.

O que fazer? Mantenha-se vivo e lúcido: dois adjetivos odiados pelos finais de Kafka.

E por fim, a palavra de ordem é: sobreviver. Ao ambiente criado pela leitura e por essa literatura tão inquietante.

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