Educação?

O ano de 2010 realmente está sendo um dos mais memoráveis da história do Brasil. Ano das eleições mais comentadas pelo país e o ano da maior confusão na educação por conta de uma prova seletiva - algo teoricamente simples quanto à definição.

Muito sabem que o grande problema da lenta evolução do Brasil está justamente na educação, e uma das maneiras encontradas pelo governo de se melhorar isso foi impondo uma prova que, na mente dos avaliadores do método, era a melhor para se escolher quem ingressaria num curso de graduação. Começaram aí os primeiros erros: uma imposição apressada e praticamente fora do padrão dos ensinos fundamental e médio brasileiros. Ora, como vamos querer que os alunos do Brasil passem uma tarde inteira com os olhos ardendo de tanto ler, e ainda exigir a compreensão do texto, se até por uma questão cultural a grande maioria não tem esse hábito? Eis o resultado. Uma prova enfadonha, mal-formulada, imprecisa e pseudo-avaliativa. E estas foram minhas impressões para o ano passado.

Foto: divulgação
Fazendo uma leitura rápida da prova deste ano, relembrei um pouco do meu sufoco no ano de 2009. Só quem está frente a frente com uma prova seletiva, tem somente algo em torno de 5 horas pra respondê-la e ainda se depara com uma monografia pra cada questão sabe o quanto é agoniante a situação, onde uma prova é capaz de decidir parte dos rumos da sua vida. Este ano, muitas bobagens do modelo da prova passada se repetiram, e dessa vez trazendo o "bônus" de uma enxurrada de erros - que juntos culminaram no possível cancelamento da prova e reaplicação da mesma.

Há um grande problema no que diz respeito à imagem que o governo tem sobre a população que lidera. Uma prova como a do Enem é, na realidade, uma medida tomada drasticamente para uma mudança rápida e desajeitada no modo de educar no Brasil. O que falta se fazer entender é que não é uma prova em menos de dois anos que será capaz de tornar os jovens brasileiros verdadeiros devoradores de livros. Este é um processo demorado, e que deve ser trabalhado desde os primeiros níveis educacionais, e numa visão mais ampla, deve ser trabalhado em um nível mais antropológico - como eu disse anteriormente, nossa falta de hábito com a leitura é uma questão cultural. E o pior de tudo isto é que grande parte das enormes questões que os alunos são obrigados a ler são verdadeiras detentoras de informações inúteis para a resolução da própria questão. Uma brincadeira babaca que culmina na perda de tempo e desgaste mental e físico. Agora imagine tudo isto tendo que se revivido por quem estava sendo testado, ainda mais por conta da incompetência dos idealizadores da prova - que tiveram um ano inteiro para montá-la e mesmo assim demonstraram sua incapacidade de fazê-la? 

Sejamos bem-vindos ao Brasil, no ano de 2010, o ano da indignação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário