Roll musical - parte 01

Ultimamente tenho notado e pensado muito sobre os rumos que a música anda tomando. Já não se faz mestres como antes... E os poucos que restam estão dizendo “adeus” com o passar do tempo. Apesar dessa notícia ruim, sabemos que legados como a boa música não morrem, e podem e devem ser perpetuados. Me baseando nessa reflexão, trouxe pra vocês hoje a primeira parte de uma seleção de músicas do Alceu Valença, este grande cantor pernambucano que ultrapassou as fronteiras do seu estado, do Brasil e do mundo e distribui bons e inspirado[re]s versos pra nós.

Então vamos lá! Quem conhece, se esbalde nas canções; quem não conhece, eis a oportunidade.

  • Cinco canções de ALCEU VALENÇA para PENSAR:
1) Embolada do tempo

"O tempo em si / Não tem fim, não tem começo / Mesmo pensado ao avesso não se pode mensurar "

Acho que Alceu estava em um daqueles momentos introspectivos no ato da composição dessa música. Dá pra perceber isso na letra, que fala principalmente da relação do homem com o tempo - incontrolável, imensurável e temível.


2) Solidão


"A solidão é fera, é amiga das horas, é prima-irmã do tempo / E faz nossos relógios caminharem lentos / Causando um descompasso no meu coração"

Há quem diga que essa música é deprê. Não nego. E não recomendo ouvi-la em momentos de tristeza... Mas caso seu coração ou sua mente estiverem tinindo de sãos, ouça-a e perceba o quanto de verdade há nela.
[Foto: capa do disco "Mágico", do ano de 1984.]

3) Descida da ladeira

"Alceu Valença já não acredita na força do vento que sopra e não uiva / Na água da chuva que cai e não molha / Já perdeu o medo de escorregar"

Há quem tenha passado por tanta coisa que na vida que em um certo momento já está ciente das suas surpresas e, digamos assim, não se abala com facilidade. Esta é uma das interpretações que dou para "Descida da ladeira", uma canção de ritmo dançante, onde Alceu Valença se inclui no grupo dos "vacinados" e mostra que vento pouco pra ele é besteira - criando uma bela metáfora.

4) P da paixão

"O P do passado provoca o presente / É o P do presente que importa, que importa / São poucas palavras que batem no peito / No fundo da alma na porta, na porta"

A atmosfera subjetiva e intimista misturada aos efeitos de uma paixão no peito de um homem inspirado resultaram na música que, mesmo sendo curta, tem a incrível capacidade de despertar em quem ouve a inércia dos que se deparam com uma música espetacular e sincera.

Foto: LP "Vivo", de Alceu Valença,
lançado em 1976
5) Você pensa

"Mas você pensa que eu comi a sobremesa que restou do seu almoço /  Você pensa que eu sofri a dor na pele porque sou de carne e osso"

Toda vez que eu penso nessa música, me perco. Então dar uma definição ou interpretação dela aqui já é demais... Deixo cada um formular a sua. Ou então vamos deixá-la guardada com o próprio Alceu e contemplar somente aquilo que ela nos parecer.

(continua...)

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