Custa arriscar?

Pois é, não custa nada. E foi pensando nisso que resolvi me arriscar, como manda o título, e trouxe pra vocês um pequeno texto de minha autoria :D. Bom, escrever assim não é muito minha praia, vocês já devem ter percebido. Mas nunca é tarde pra tentar, e como poesia não é um dos meus fortes, tentei ver como seria escrever algo como um conto. Bom, chega de papo! Boa leitura pra vocês!

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Caso de uma noite só
Por Mariany Carvalho

Chegara dez minutos antes por mero descuido. A reserva no restaurante estava marcada para as oito, mas dez minutos a mais ou a menos não faziam diferença, não tinha sangue inglês. Da mesa quase ao centro do estabelecimento ele podia ver, dentro da luz amarelada e aconchegante, toda sorte possível de vidas paralelas à sua. O homem da mesa ao lado, por exemplo, era um típico empresário na espera dos demais companheiros de trabalho. O terno caro, o relógio luxuoso e a barba bem feita não despistavam seu olhar de enfado e pressa.

Agora eram oito e dez. Tudo bem, dez minutos não faziam mesmo diferença, como já havia pensado antes. Sem contar que essa mísera fração de tempo era nada perto do quanto já esperara por alguém. Pensou com força a "mísera fração de tempo" por considerar o tal como relativo. E o tempo que havia passado realmente não se fez sentir.

Uma gargalhada discreta, porém sincera explodiu na mesa em frente, sem chamar muita atenção. Só ele, homem atento - por ter até então apenas as horas e uns poucos pensamentos como companhia -, percebera a moça simples que a dera. Mas leia-se simplicidade igual a leveza de espírito e sinceridade de gestos; pois há uma errônea mania em se igualar simplicidade com escassez de recursos financeiros, como se apenas isso importasse. Se era rica ou pobre, pouco lhe importava; o que era visível ali era apenas seu falar desacelerado e uma leve inibição diante do rapaz com quem conversava. Provavelmente um encontro romântico. Não, com certeza um encontro romântico: a troca de olhares não negava.

A luz amarelada brilhava sem pressa, e como se tomasse conta aos poucos do lugar, se movimentava tal qual uma grande massa espessa. Começava a incomodar. A música ambiente não cessava, mas também não tinha ambição: procurava somente entreter, em seu meio-volume.

Agora já eram dez horas, quase não sabia mais o que esperava. O vinho da taça findara, pôs mais um pouco. Ser espectador em um restaurante foi se fazendo uma situação de resignação.

A "mísera fração de tempo" agora pegava no seu pé e se estendia dolorosamente pelas horas noite adentro. Nem uma ligação. Nem uma explicação. A garrafa inteira de vinho se foi. Se foi também a paciência, a relatividade do tempo, a reunião de trabalho ao lado, o encontro romântico à frente, e outras dezenas de cenas amenas espalhadas meticulosamente pelo restaurante - para provar que a vida é detalhista em seus acasos.

A conta é paga e mesas esvaziam, assim como seus passos em direção à saída. Já na porta, inesperadamente - ou não -, recebe um demorado beijo. E preparou-se para rever seus recém velhos amigos.

7 comentários:

  1. UAL!!!! Parabéns, Mary. Tenho uma paixão declarada por contos porque acho que eles são a forma mais sincera de mostrar o potencial do escritor. E, sem dúvida, o seu potencial é mais que evidente. Adorei. =*

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  2. mnina! ar-ra-sou! hehehehe

    não, sério. ficou mto bom msm! tem futuro. ^^

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  3. Valeu a pena arriscar, Mary! Gostei do conto! Só não pode parar, tem que colocar o talento para fora.

    UM ABRAÇO

    Tiago França

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  4. Pooxa, deviia mesmo era arriscar mais vezes! Adoreii! :D
    Talento tu tem de sobra mesmo

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  5. muito bom, você tem um jeito especial de escrever contos!

    os meus são meios sei lá, os meus não são assim rs' e eu gostaria que fosse!

    bgs e continue escrevendo!

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  6. Badulaques arriscou bem, tem tudo pra se tornar um bom blog do tipo "dou minha cara a tapa, não por modismo ou por não ter o que perder, mas porque quero apenas viver o que tenho que viver"... Isso te lembra algo broto?

    Paz aê, e mais uma vez, parabéns! ^^

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  7. Mary adorei seu conto!
    Não se preocupe fez muito bem em arriscar...
    bjos flor!

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