Mídia e informação

Você liga a tevê e, a cada canal que passa, é bombardeado pelos mais diversos tipos de informações que podem ser interessantes ou meras besteiras, dependendo de quem as ouve. Questão de gosto não se discute. E a Imprensa (e isso falo como mero espectador e interessado no assunto) tem, sim, a obrigação de levar a notícia (incluindo pesquisas, reportagens, artigos) até o telespectador/leitor, de forma objetiva. Esse julgará a informação como útil ou não, pra si e para a sociedade.
Mas até onde aquilo que a mídia traz para nossas casas é relevante para a sociedade e o cotidiano dos seus consumidores?


É quase inegável que há na Mídia uma falta de triagem entre o que é fato e o que é notícia. Só pra esclarecer e pra blogueiro e leitor trabalharem em cima de uma mesma definição, notícia é todo fato que tenha repercussão e importância dentro da comunidade. Assim, tanto na tevê quanto na imprensa escrita, temos fatos irrelevantes que são transformados em notícias pelos mais variados motivos. O principal é o lucro, é claro.
Se o Vampeta decidir desfilar na praia de Copacabana vestido de Xica Baiana, tenha certeza que 90% dos jornais e sites de fofoca irão noticiar esse fato. Embora, pra mim e para grande parte das pessoas, o Vampeta, em qualquer uma das suas versões não tem grande importância. Claro que teria gente que iria se interessar pelo ocorrido e talvez em respeito a esse grupo a mídia noticiaria o desfile do ex-jogador.
Certo. Até aí nenhum problema. O Vampeta se vestiu e desfilou porque quis. Tava talvez até com certo propósito de ser visto, como fazem muitas pessoas famosas quando estão em baixa. Vamos ver o outro lado então. Um ator ou músico muito famoso reencontra uma velha amiga e eles saem pra conversar em um almoço em qualquer um desses restaurantes badalados. Pronto! É um prato cheio pros paparazzi. Especulações irão surgir. Logo se falará de uma crise no casamento. Que ela estava revidando um chifre que ele levou da esposa. Que iria sair de casa. Que teria todos os seus bens roubados pela esposa em um processo judicial complicado e ficaria sem ver os filhos. No final das contas se descobriria que ele era solteiro, ainda morava com a mãe e não tinha filhos.
Isso acontece muito com celebridades e acaba lhes tirando uma vida privada que qualquer pessoa tem. Acabam virando produto da mídia. Então temos que rever o que é verdadeiramente digno e necessário de ser informado ou noticiado pelos meios de comunicação. Acaba que na verdade existe uma Roda-Viva (digo isso tanto pela peça do Chico Buarque que trata um pouco do assunto quanto desse movimento circular interminável que existe). A sociedade muda seus valores e se interessa por esses “fatos” e quem é responsável por fazer isso chegar até nós acaba dando a esse público o que eles querem, não importando se pra isso for preciso passar por cima da ética. No fim, a própria mídia, com todo o poder que ela tem sobre seus telespectadores, acaba levando outros tantos para o mesmo caminho.
A Mídia tem que ser responsável com aquilo que divulga - por toda influencia que exerce sobre as pessoas - e nós mais ainda, pois abrimos as portas.

2 comentários:

  1. Texto interessante! Falar sobre a mídia é sempre algo importante, principalmente se for de maneira crítica. O poder que a mídia exerce emburrece uma nação.

    Graças a mídica, políticos são eleitos ou são difamados.

    Graças a ela, as pessoas pautam suas ações cotidianas e criam suas ideologias.

    Infelizmente, no Brasil, a mídia é suja, pérfida e desigual. A população vê em massa o fraco e aculturado big brother, mas poucos veem o execelente Soletrando do Caldeirão do Hulk. A TV cultura, um canal de qualidade, é um dos menos assistidos.

    E assim segue nossa mídia televisiva.
    Lá no INTITULÁVEL, já debatemos um pouco sobre ela, tomando alguns fatos ocorridos.

    Esse texto foi feito no Caso Eloah e Lindemberg.
    http://caundo.blogspot.com/2008/10/ontem-pela-manh-como-de-costume-acordei.html

    Esse texto refletiu sobre o BBB.
    http://caundo.blogspot.com/2009/01/eles-esto-de-volta.html

    Esse fala do sensacionalismo absurdo da mídia baiana.
    http://caundo.blogspot.com/2009/02/midia-baiana-e-seus-absurdos.html

    Parabéns Gildson, o texto está profícuo, apesar do enfoque ser diferente do dado no meu comentário. Se puder, dá uma lida nesses textos.

    O BADU continua interessantíssimo!!!
    Parabéns Mary e Gildson.

    Um abraço,

    TIAGO FRANÇA

    ResponderExcluir