[COLABORAÇÃO] Jornalismo Cultural

Hoje temos o prazer de trazer para os nossos leitores do nosso novo colaborador, seguidor, estudante de Jornalismo e blogueiro dos bons, Marcos Atahualpa. Ele nos trouxe aqui um texto que trata entre outras coisas de jornalismo cultural e música. Espero que gostem!

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Tu pira, eu piro e vamos todos pirar juntos
Por Marcos Atahualpa
Primeiro tenho que apresentar esse que vos fala, ou seja, me chamo Marcos Atahualpa, tenho 22 anos, trabalho e estudo com Jornalismo e sou dono do blog Seco/Sarcástico Simpático. Lá é postado todo e qualquer texto intimista voltado para um auto-diálogo do próprio autor. Até porque, frufru demais não dá certo e um pouco de sarcasmo acompanhado de simpatias (claro que da parte de quem lê), torna tudo mais agradável.

Pois bem, a proposta de cooperar com um texto para o Badu surgiu depois que o meu projeto de monografia foi aprovado. Eu me espantei porque sou um completo vagabundo com relação aos meus estudos. Como todo bom e perfeito jornalista, deixei tudo pra fazer no ultimo segundo. Resultado: aquela adrenalina frenética a mais. Entonces foi assim que foi concebida a idéia do projeto que está fundamentada no Jornalismo Cultural: Reportagem e a Crítica no âmbito musical.

No projeto e monografia eu vou focar em exclusivo a questão histórica, social, política e comunicacional do ROCK. No entanto, para o Badu eu não vou poder fazer isso, até porque eu escrevo crônica e penso que ninguém aqui vai querer ler um trabalho de cunho científico voltado para a comunicação. Portanto, resolvi fazer um apanhado de tudo, mesclar com pontos de vista pessoal e tentar fazer um bom diálogo com boa linguagem, pois, modéstia parte é a única coisa que acho saber fazer bem, no caso, escrever!

Cresci como qualquer outra criança de classe media baixa: em escolas particulares que eram acessíveis ao bolso dos meus pais, fazendo parte de uma família ao mesmo tempo estruturada e totalmente bagunçada, poucos amigos mas muitos conhecidos. O que realmente marcou e ainda marca é a maior riqueza que acredito ter herdado dos meus pais: O gosto pela MÚSICA.

Cresci escutando coisas muito boas, como: Bossa, Jazz, Blues, Folk, Rok’N’Roll e Psicodélico por parte do meu pai. Da parte da minha mãe veio algo mais culto e centrado, a propósito a Música de Corais Gospel, Hinos do Cantor Cristão (CC) e Hinário para Culto Cristão (HCC)... Conforme fui crescendo acabei descobrindo outras vertentes que hoje sei serem essenciais: Trash Metal, Death Metal, Industrial, Punk e o tão enigmático e emblemático Rock Alternativo.

Mas o que isso tudo tem a ver com a temática do meu projeto de monografia que virou texto pro Badu? Simples! Sabemos que o Rock teve um impacto imensurável, desde as suas primeiras aparições. Diga-se de passagem, Chuck Berry, conseguintemente o próprio Presley, os Stones, Hendrix e todo mais que veio posteriormente. No Brasil tivemos o nosso respaldo com os Tropicalistas, as bandas punks de Brasília (Legião, Aborto Elétrico...). Assim como ele a música em si tem o compromisso transgressor da realidade intrínseca a todos os seres humanos.

O rock tem avidez e falta de freio, justamente por pulsar como o sangue de um jovem a flor da pele, louco para experimentar sexo sem precedentes, viver toda a curiosidade e necessidade na busca pelo conhecimento e amadurecimento possíveis. O Rock é a estruturação da desestruturação de todo conceito já criado e que viria a ser criado.

Agora, imaginem vocês, imaginem Marquinhos, um gordinho serelepe crescendo envolto a tanta coisa boa (que já foram citadas), descobrir toda essa adrenalina e gás hélio? Pois é, tudo isso cria certa atmosfera entorpecente e delirante. Não apenas por ser Rock, mas porque o próprio Rock incorporou o espírito da música. Música de verdade extrapola todo limite da razão, é pura ação e peito aberto gritando “Atira covarde!”.

A música em si é o meio mais fácil de propagar uma ideologia. Quantas não assimilamos em secreto e transformamos em parte de nós mesmos, daquilo que chamamos “conhecimento” ou dizemos “ser”? No contexto social, a música é um reflexo da realidade ou a fuga dela. No período da ditadura militar enquanto uns eram extraditados por “falarem demais”, outros ficavam se assim mantivessem a cabeça baixa para as condições impostas pelos homens de farda e botina.

No contexto político, similar ao social, o Rock assim como o Blues (que foi chamado de música dos infernos devido a sua tonalidade altamente boêmia e sensual), até mesmo o Samba e os louvores da MPB de 1970 e reticências incendiaram o espírito de muitos com inúmeras formas cruciais para o que somos e possuímos hoje. Mais uma vez, imaginem Marquinhos e toda a sua gordice, crescendo vendo seu pai escutando todas essas coisas, lendo literaturas e absorvendo pontos de vista transgressores para a mente de uma criança?

Diferentemente do que muitos pensam, lidar com Jornalismo Cultural vai bem além de uma simples explanação de algo feito para poucos. Sim, a cultura não foi feita para a massa absorver, apesar dessa mesma massa criar a cultura que posteriormente é transformada em algo pop e totalmente distorcida. Infelizmente, as coisas não funcionam como deveriam.

O Jornalismo Cultural tem como proposta primordial fazer parâmetros e a partir destes parâmetros, além de esboçar sobre um tema em questão, também alfinetar sobre a ausência de algo que poderia ser de todos. A música e o próprio Rock têm esse magnetismo conspiratório a fim de convencer as pessoas do que é seu e romper com a ordem, a mesma ordem que nunca existiu. É como viver num eterno “O Mundo de Truman”.

Da mesma forma como desde cedo me transgrediram a mente, os ouvidos e os olhos com o que foi chamado na década de 50 “música para malandro e marginal” (Samba), “música do demônio” (Rock) e “música para os desejos da carne” (Jazz e Blues); porque agora isso não seria impossível?

Música, Rock, Literatura, tudo caminha junto, a exemplo do Tropicalismco com a Poesia Marginal de Cacaso e Leminski, que fizeram parte deste grupo poético. A Geração Beat, totalmente influenciada pelo Rock Psicodélico e suas drogas psicóticas despiram toda indecência camuflada pelos comercias de margarina norte-americanos. Até mesmo o Jornalismo Gonzo, junção de tudo que não prestava (mas prestava, e como prestava) do psicodelismo, rock’n’roll e o próprio blues. Enfim, muito poderia ser dito e isso aqui ficaria interminável, mas essa não é a minha intenção.

Por essas e outras eu sempre brinco dizendo que sou um cara normal, mas, tô longe do convencionalismo, que é o mesmo convencionalismo que todos querem e se espantam quando o tem em mãos. Porque será? Hipocrisia? Talvez, mas acho que seja apenas algo para poucos... É, é bom ser de poucas pessoas. Paz a todos!

2 comentários:

  1. Ufa, tenho aquela esquisita sensação que perdi o fôlego, entende? Costumo engatar em uma leitura e correr os olhos até o final, como se alguém lesse em voz alta e ritmo acelerado. Bem, bem vindo ao Badu! Parabéns pela monografia e pelo texto. Vou dar uma conferida no seu blog, adoro o sarcasmo bem dosado. Até a próxima!

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  2. Marcos,

    Gostei do texto! Gostei da sua proposta de monografia! A arte sempre está ligada a seu contexto. O papel da imprensa seria o de reproduzir a arte??? Gosto mais da ironia do que do sarcasmo... mas achei sua escrita coesa e envolvente.

    Um abração

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