O preço do progresso

Novos empreendimentos são sinais de uma ascensão econômica e social em uma determinada cidade. Prédios, escolas, hospitais e shoppings em grande número são indicativos do nível de desenvolvimento de um local, e quanto mais empreitadas arquitetônicas ele tiver, melhor será. É o patamar que se pretende alcançar. Digo isso porque, ao ver os anúncios de construção e inauguração de shoppings e outros prédios aqui em minha cidade, este e outros pensamentos passaram por minha cabeça. Não muito tempo atrás, passei em frente à obra de um novo shopping aqui em São Luís – este com a promessa de ser o maior da cidade. E a construção ficou entalada na minha garganta, além de me deixar um pensamento martelando na cabeça quando vi que a enorme área onde será feito o shopping é repleta de verde.

Não só na minha cabeça, mas na mente de ativistas, ambientalistas e demais interessados (e preocupados), martela o prego do desenvolvimento urbano versus preservação do meio ambiente. Além desta, várias outras construções mundo afora estão sendo realizadas sobre áreas cheias de vida, que gritantemente são nossa única garantia de presente e futuro parcialmente confortáveis. Mas aí mora a dúvida: devemos estancar a evolução em prol de áreas verdes? A resposta é não. Mas vamos com calma, ninguém aqui quer um mundo em brasa, sem condições climáticas pra morar em detrimento dos caprichos do consumismo.


Deixem-me explicar.

O progresso é algo indiscutivelmente necessário. Sem isso, não haveríamos chegado ao ponto de intelectualidade que chegamos (favor desconsiderar as baboseiras musicais e demais coisas trash da atualidade). Sem ele, estaríamos vivendo em cavernas e este blog não existiria, pois eu provavelmente seria uma primata arcaica descabelada. Enfim, o que nos faltou foi respeito pelo que nos rodeia. Tomamos posse de lotes imensos de terra, destruímos florestas e não estamos nem pensando em pagar nossa dívida com o meio ambiente. O que nos falta, e que tardiamente se esboça como solução, é o cuidado e a educação ambiental como combustíveis de um desenvolvimento sustentável. Somos mal educados ambientalmente falando; nossas porcarias acumuladas são vistas sem pudor pelas ruas, entupindo toda sorte de bueiros e mentes acostumadas com a imundície intelectual. Ter consciência de que estamos nesse mundo produzindo diariamente um bocado de lixo e tentar amenizar esse fato já é um bom começo para o nosso zelo com o planeta em que moramos. E enquanto um pedaço da Terra não fritar, vamos continuar ignorando tais atitudes. Fica a dica: sejam educados, o mundo agradece te dando uma cota de ar limpo e sombra fresca por dia.

6 comentários:

  1. O progresso tornou-se necessário no contexto atual, e por e tornar necessário se tornou também inevitável.
    O exemplo do crescimento urbano, ele também merece seu crédito: é desenvolvimento econômico, geração de empregos e renda, conforto e bem-estar imediato para a população que está crescendo cada vez mais.
    A meu ver não se deve ter uma postura estritamente a favor da conservação do meio ambiente, em detrimento do progresso estrutural (já que necessitamos dos recursos naturais para a nossa sobrevivência), mas sim uma postura equilibrada e consciente do bom aproveitamento dele – aquela idéia de sustentabilidade (mas deve-se tomar cuidado para não confundir pensamento sustentável com “ecochatice”).
    Se criamos a necessidade do progresso, necessitamos de emprego, renda e conforto, mas também de ar puro, sombra e água fresca, vamos olhar os dois lados da questão.

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  2. Texto muito bem escrito e reflexivo, parabéns.

    O assunto não poderia ser melhor escolhido, afinal, o que temos sofrido aqui em São Luís e em outras cidades por excesso de calor não é fruto somente da natureza e do seu ciclo, mas principalmente da nossa falta de consciência e por que não, inteligência, como você mesmo citou no texto. Afinal, essa é uma questão que há muitos anos é debatida e nunca chegou a uma solução concreta. Enquanto isso, somos fritados e regados a molho todo dia!

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  3. Mary, este é um tema atual e muito polêmico. Semper achei difícil conciliar progresso e preservação ambiental. Já li muito sobre 'desenvolvimento sustentável', mas ainda sou cético a tudo isso. O capitalismo voraz não vai parar de destruir a natureza, isso é um fato!!!

    Aos que não gostam da ecochatice... se preparem para dias piores... GAIA já está se vingando dos homens....pena que poucos estão percebendo isso!

    Valeu pelo texto Mary,

    Um abraço

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  4. GENTE, ecochatice não é chata x.x~
    E, May, a Mary viu os dois lados da coisa (do tema, seus pervertidos).

    Dúvida:
    " Além desta, várias outras construções mundo afora estão sendo realizadas sobre áreas cheias de vida, que gritantemente são nossa única garantia de presente e futuro parcialmente confortáveis."

    O que são nossa única garantia de presente e futuro parcialmente confortáveis? As construções ou as áreas cheias de vida?
    Pra mim, as parcialmente confortáveis são as construções, até chegar o momento em que elas deixam de ser um conforto pra sociedade '-'


    E esse shopping tá com a promessa de ser o maior da cidade? haha, já ouvi gente dizendo que ia ser o maior do Brasil, o maior da América Latina...
    HUAHEUHAEUAEHUAEHAE.

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  5. esclarecendo: "ECOCHATOS" segundo a minha concepção são aqueles que falam tanto de preservação da natureza, mas não vêem que o progresso também é necessário no modelo de sociedade em que vivemos.
    é aí que entra a questão da sustentabilidade. aliar progresso com o uso equilibrado dos recursos naturais.
    PS: MARY, TE CONHEÇO A UM TEMPÃO, ESTUDAMOS JUNTAS. E QUERO DEIXAR BEM CLARO: VOCÊ ESTÁ MUITO LONGE DE SER UMA ECOCHATA.
    quando falei de ecochatice, não te chamei de ecochata! (foi só um comentário sobre o assunto)
    Mayanne Serra

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  6. Gente, obrigada pelos comentários!
    E Aurélio, no trecho em que você ficou com dúvida, falo das áreas cheias de vida como sendo nossa garantia de conforto. As construções, se vistas como conforto, seriam apenas do nosso lado consumista. ^^
    Abraços a todos, até.

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