Sobre presentes e felicidade

Já ouvi e li em muitos lugares por aí que a verdadeira felicidade está nas pequenas coisas. Percebi isso essa semana, quando ganhei de presente do meu pai uma calculadora [?]. Acontece que esse e os outros que figuram a lista dos "presentes inusitados" do meu pai - incluindo trenas e luminárias estranhas - são algo bastante raro, e por serem diferentes do que imagino me impressionam bastante.

O fato é que muitas vezes deixamos de enxergar as pitadas de harmonia da vida por querer ver somente aquilo que idealizamos. Nos chateamos quando um amigo elogia de uma forma diferente da que queríamos; enraivecemos quando as gotas de um sereno dão o ar da graça em vez de um belo sol (ou vice-versa); fechamos a cara quando uma situação não sai exatamente como pensamos. Nos falta um outro olhar, uma saída pela tangente, uma visão do lado de fora pra notar que há tantos outros sentidos e significados - talvez melhores - para uma mesma coisa.

Por esse motivo fiquei feliz com a calculadora, assim como fiquei com a trena e as luminárias e ficarei com as possíveis máquinas do tempo e canetas atiradoras que virão. No meu caso, não é todo dia que um pai vem com todo carinho entregar à filha um presente que parece bobo, mas sintetiza, no gesto da entrega, um pouco do amor paterno por ele cultivado.

[Ilustração: Nostalgia, de Lauro Machado.]

Até!

Badulaques recomenda: é bom se deixar levar pelos detalhes.