Uma gota de desamor

Nada de posts pingando mel ou retratos adocicados. Nada de Josés de Alencar com suas frases floridas. Badulaques traz hoje, neste post cuspido a toda força, o amor na sua forma mais insípida.


Contrariando as toneladas de comédias românticas da vida, os escritos melosos de adolescentes apaixonadas e a velha utopia do mundo cor-de-rosa, constatei hoje, voltando para casa com o olhar duro no trânsito e nas luzes vermelhas dos carros, que mesmo no status "in love" o asfalto não deixa de ser cinza e frio, a fome no mundo não se dissipa e o cansaço do corpo não se desfaz nem com a melhor das massagens tailandesas só porque estamos nesse estado. Toda esta visão de mar-de-rosas antes criada não passa de uma verdadeira maquiagem para o amor contemporâneo, que chega por vezes a ser amargo como café preto sem açúcar.


É a sociedade do desapego, do stress, da impaciência, da solidão, dos engarrafamentos. São fatores que contribuem mais e mais para a criação da máscara de um sentimento perfeito, como meio de nos refugiarmos de todos esses bombardeios.

Isto me faz lembrar do post Depois de tanto tempo, publicado no blog do Fabrício Carpinejar, falando sobre o desamor. Nada mais é do que retirar a máscara.

E acreditem, leitores, isto pode ou não ter sido uma mágoa, mas acima de tudo foi um balde de realidade virado sobre minha cabeça.

[A pintura é de Carol Paz.]

Até.

6 comentários:

  1. Sou a favor da Legião da Má Vontade: Cada um com seus problemas!

    Sim, prefiro ficar na minha e evitar ansieades, mesmo quando elas são um tanto impossíveis... Ainda mais por algo que não irá me trazer bons frutos.

    Se isso pareceu individualista, mesquinho, concordo plenamente que sim. Acredito que quando se entra num lance que for, procura-se antes de mais nada o bem-estar pessoal, na crença de que uma ou mais pessoas, ou até mesmo o lance em si possa liberar essa endorfina.

    Eu prefiro ficar na minha, amores aqui e acolé, as vezes nenhum. Tudo é uma grande mesmice e as pessoas não se reciclam. Se criam um ideal de amor no qual possam viver e respirar, pra mim é baseado naquilo que carregam dentro de si mesmos esperando ser descoberto ou escraxado.

    Paz aê broto. ^^

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  2. Concordo contigo em algumas coisas. Não é que se vá procurar a exclusão ou a fuga total, devemos amar sim, mas sendo realistas e pensando que não há tinta rosa alguma pra pintar o mundo de um apaixonado.

    Obrigada pela visita e pelo comentário!

    Até.

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  3. AHHH! Eu gosto de café preto sem açúcar. Meu amor É amargo?rsrsrs
    Visão boa, essa tua. Finalmente alguém que ver amor com cor natural.

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  4. Mary, sempre fui um otimista no amor. E continuo sendo. Hoje(17/12) completo 5 anos ao lado de alguém especial que já é minha esposa. E sinceramente não consigo mais vê o 'desamor'. Mas compreendo todo o seu realismo. A idealização é sempre problemática, mas o sonho e o desejo perene é o que nos mantém vivos.

    UM ABRAÇO

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  5. Jú, amargos, meio-amargos e azedos são sempre os melhores gostos... E café preto bem forte é indispensável.

    E Mary, eu é que devo agradecer, você começou visitando meu blog primeiro; portanto, gostei daqui e continuei voltando.

    Paz aê.

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  6. Eu tive vontade de fazer um post assim dia desses. Foi uma coisa que sempre carreguei comigo quando a situação reacontece: uma indignação com "a máscara de um sentimento perfeito". Já pensei até em criar blog só para isso.
    Mas não nego: eu tenho sim um amor cor de rosa. E esse eu guardo só para a minha namorada. Creio que ainda sim tô sóbrio e capaz de analisar meus próprios estágios e parar quando chega longe do alcance das mãos ou da realidade.

    Vida de filme noir é um sonho pra mim *-*

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