difícil separar o corpo do corpo
levar teus seios pra casa
desparafusar o ventre
fazê-lo objeto de minha mesa de cabeceira
difícil teus dentes como colar
esse o limite do desejo
e seu fracasso
Celso Borges, Persona non grata (1990)
Inaugurando a seção de poemas do Badulaques, trago este que é um dos meus preferidos dentro do livro Persona non grata, de Celso Borges. Livro esse que comprei (pasmem) por 1 real no Centro Histórico da cidade - disseminação bacana da literatura, apesar de ter uma certa desvalorização do trabalho, a meu ver. Mas essa é outra questão, que mais pra frente discuto com vocês. O que quero mesmo é falar dessa poesia, que me conquistou logo na primeira vez que bati o olho nela.
Talvez por sintetizar tão bem a paixão e o desejo que não consegui me desprender desses versos. Tal qual esse sentimento arrebatador, intenso, e por vezes feroz, o eu lírico do poema quer tanto a presença da pessoa que ama que pensa em carregar consigo tal pessoa, ou pelo menos uma parte dela. É o tal desejo de fundir-se em um só. Ao mesmo tempo que penso como seria bom se isso fosse possível, penso também que não saberíamos reconhecer tal satisfação se isso de fato acontecesse. Por isso não acredito que o fracasso do desejo esteja nesse limite, mas sim o seu sucesso. Por mais que seja torturante a distância, ela consegue aflorar a vontade de encontrar o outro.
Gostaram desse poema? Na fonte tem muito mais. Realmente muito bom esse livro do Celso, escritor maranhense \o/ , que me fez ficar mais orgulhosa da literatura daqui. Prometo que comento sobre o livro num próximo post, ok?
Até!
Outras interpretações: eu aceito!
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