[COLABORAÇÃO] A motivação da escrita

Todos sabem que o Badulaques aceita a colaboração de qualquer um que esteja disposto a publicar algo aqui. Por isso hoje lhes apresento um post de Talita Guimarães, estudante de jornalismo na Faculdade São Luís, que irá compartilhar conosco suas impressões sobre a função e relação da literatura com o nosso cotidiano.
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Sopro de inspiração
Por Talita Guimarães
Literatura, a arte de escrever, é algo que me fascina. Livro, então, é uma das invenções mais fantásticas e preciosas da humanidade. Afinal como pode alguém deixar parte de si para as pessoas lerem anos depois? Como se explica alguém criar com palavras, mundos que serão parte da vida de outras tantas pessoas em inimagináveis lugares do planeta? Sempre penso nisso quando leio algo que me emociona ou quando tento explicar o que significa eternidade.

Reli em uma tarde, o belíssimo "Para tão longo amor” do escritor paulista Álvaro Cardoso Gomes. No livro, Álvaro escreve uma bela história de amor triste. Isso mesmo, amor triste. A tristeza vista como uma forma de amor que muda as pessoas, tornando-as melhores. Algo como o rapaz bagunceiro que se apaixona pela menina frágil e correta. Os dois vivem algo simples e cheio de ternura. O bom e velho amor puro. Mas ela adoece e morre. Ele, mudado, perde o chão, mas consegue se erguer em nome da amada e passa a viver por ela.

Talvez seja a magia de levar grandes histórias, através de palavras a pessoas desconhecidas, tocando-as com a mensagem, que torne os livros artigos tão especiais. Talvez seja por isso que goste tanto de ler. Leio mil vezes esse livro do amor triste . Choro mil vezes com ele. O mesmo acontece com "Os Miseráveis" de Victor Hugo e com tudo o que vem do querido Machado de Assis. Com o inesquecível “A Cor da Ternura” de Geni Guimarães ou o incontestavelmente delicado “O Pequeno Príncipe” de Antoine Saint-Exupery.

Sempre me perco pensando nisso. Sempre lembro do escritor gaúcho Moacyr Scliar e sua sábia frase: "A palavra escrita é um território que partilhamos em silêncio, em amável cumplicidade". De fato costumo me sentir amiga de quem escreve palavras que me tocam. É mesmo algo como ser cúmplice. Amavelmente cúmplice, quando o livro agrada.

Mais do que isso, esbarro na eternidade desses grandes nomes e suas grandes mensagens. E não posso deixar de me fascinar ainda mais com a capacidade do ser humano em se eternizar através de palavras. Chegar a pessoas e lugares que nunca se poderia imaginar. Permanecer vivo.

Escrevo também e há horas em que paro e me pergunto o porquê de fazê-lo. Lembro do espaço que a leitura ocupa na minha vida e entendo. Escrever é a minha vida. E ninguém poderá dizer que escrever e ler não é importante, que não faz diferença para a humanidade. Literatura preenche solidão. Salva e resgata o que há de melhor entre nós. É o como a alma, o que fica e é eterno.


“Escrevemos para dar ao mundo não-escrito uma chance de expressar-se através de nós.”
(Ítalo Calvino)

4 comentários:

  1. A literatura é realmente fascinante!

    E escrever é um ato indescritível.

    Gostei muito do texto de Talita. Partilho das mesmas sensações com relação à escrita.

    http://caundo.blogspot.com/2009/04/o-ato-de-escrever-50-texto-do.html

    Dá uma conferida num texto meu sobre o ato de escrever. Espero que goste. As palavras sempre nos fascinam.

    VIVA A LITERATURA!!!

    Um abraço

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  2. Olá,

    obrigada aos queridos Gil e Mary pelo espaço para esse sopro de inspiração. Só pensei no Badu quando terminei de escrever.

    Obrigada, Tiago, por comentar e pelo link. Fui lá conferir e encontrei um blog muito legal. Adorei o texto e para continuar concordando com as ideias, sugiro um novo link, agora de uma postagem do meu blog, o Ensaios em Foco. Muito a ver com esse meu texto e o seu. Palavras e ideias afins.

    http://ensaiosemfoco.blogspot.com/2009/07/reflexao-em-foco.html

    Abraços em todos,

    Talita Guimarães

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  3. Belo texto!

    Escrever tá meio complicado pra mim no que diz respeito a inspiração e originalidade. Qual sua opinião a respeito?

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  4. Olá Edu!

    talvez essa seja a maior aflição de quem escreve: a falta de inspiração. Aprendi que o tempo e o acúmulo de experiências é que devolvem a inspiração e nos permite ser originais. A sábia escritora Ruth Rocha disse, certa vez, que assim que conclui um livro não consegue enveredar por outro porque a mente do escritor é como uma fonte que precisa ser cheia novamente após um trabalho. E isso leva algum tempo porque as boas ideias vão pingando de pouquinho em pouquinho.

    Concordo com ela, assim como penso que ler ajuda bastante, poesia inspira e é sempre bom estar atento a tudo que nos rodeia. Conversar com pessoas também pode ser fonte de inspiração.

    Foi relendo o livro de Álvaro Cardoso Gomes que me inspirei a escrever esse texto. E tenho certeza que levar alguns papos a debates com o Gil e a Mary também inspira a escrever.

    Pense nisso!

    Abração, e continue por aqui. O Badu também levanta questões inspiradoras!

    Talita Guimarães

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